terça-feira, 31 de janeiro de 2012

PESSOAS INVISÍVEIS

Eu já conhecia de ouvir falar dessa história e agora saiu publicado no Facebook:


'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da
'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas
enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado
sob esse critério, vira mera sombra social.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou
oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,
constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres
invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu
comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma
percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão
social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de
R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição
de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode
significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o
pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não
como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP
passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes,
esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me
ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão',
diz.
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma
garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha
caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra
classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns
se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo
pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e
serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num
grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei
o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e
claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de
refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem
barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada,
parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:
'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.
Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar
comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí
eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo
andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na
biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei
em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse
trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O
meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da
cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar,
não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a
situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se
aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar
por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse
passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está
inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.
Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa.

Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, frequento a casa
deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.
Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe.

Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo
nome.

São tratados como se fossem uma 'COISA'

8 comentários:

  1. Eu já fui faxineiro e não era dos piores empregos não.

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  2. BOM DIA Á TODOS !

    CONHEÇO OS DOIS LADOS !

    NÃO, NUNCA FUI FAXINEIRA; MUITO MENOS GARI.
    MAS SEI DAS DIFICULDADES QUE ELES ENFRENTAM.
    SEMPRE TIVE O COSTUME DE COMPRIMENTAR AS PESSOAS, CONVERSAR, E SEMPRE FIZ AMIGOS INDEPENDENTE DE CLASSES E RELIGIÕES.

    SOBRE O UNIFORME:
    SEMPRE FAZIA COMPRAS NUMA QUITANDA PERTO DE CASA, "A QUITANDA DO SEU JAIR".
    ELE SEMPRE DE JALECO AZUL, ABRIA A QUITANDA ÁS SEIS DA MANHÃ E FECHAVA SÓ AS SETE HORAS DA NOITE.
    SEMPRE CONVERSÁVAMOS, DISCUTÍAMOS SOBRE ASSUNTOS CORRIQUEIROS.
    CERTO DIA ESTAVA NO PONTO DE ÔNIBUS,COMPRIMENTEI-O MAS JURO QUE NÃO O RECONHECI, ELE ESTAVA DE CAMISA SOCIAL, TOTALMENTE DIFERENTE DO JEITO QUE SEMPRE O VIA.
    FIQUEI MATUTANDO DE ONDE O CONHECIA ?
    NÃO ME ERA ESTRANHO.
    NO OUTRO DIA FUI Á QUITANDA E FOI AÍ QUE ME TOQUEI.
    CLARO QUE PEDI DESCULPAS, ELE ENTENDEU, DIZENDO QUE É SEMPRE ASSIM, TODOS O CONHECEM PELO JALÉCO.
    E QUANDO VAI AO BANCO QUEM O VE NÃO O RECONHECE.

    SOBRE O CASO DO GARI:
    A MAIORIA DAS PESSOAS NÃO RECONHECEM O TRABALHO ÁRDUO DESTES TRABALHADORES.
    QUE NA MAIORIA DAS VEZES, NÃO SEPARAM O LIXO CORRETAMENTE,
    DEIXAM CACOS DE VIDROS Á MOSTRA OU SACOS TOTALMENTE PESADOS DIFICULTANDO O SERVIÇO.
    SEM EXCLUIR OS CARTEIROS QUE ANDAM NESTE SOL, ELES SEMPRE PEDEM UM COPO DE ÁGUA E É DIFÍCIL QUEM OS ATENDE.

    TEMOS QUE TRATAR TODO MUNDO POR IGUAL, CADA UM TEM SUA QUALIFICAÇÃO, FAZEM UM TRABALHO QUE A MAIORIA NEM RECONHECE E MUITO MENOS O RESPEITAM. MAS TODOS RECLAMAM PELA FALTA DESTES SERVIÇOS.

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  3. SE O AMIGO AÍ SE QUEIXOU DA INVISIBILIDADE, QUE TAL ELE SE PASSAR POR DEFICIENTE FÍSICO? JUSTIÇA SEJA FEITA, TEM AKGUMAS PESSOAS MUITO BOAS QUE TE AJUDAM NA RUA, OUTRAS QUE SE PUDESSEM PASSAVA POR CIMA,MOTORISTAS DE ONIBUS QUE CHINGAM E ARRANCA O ONIBUS PARA TE DERRUBAR, SÓ PRA CITAR ALGUNS CASOS. AOS OLHOS DE ALGUMAS PESSOAS O DEFICIENTE É UM SER ABJETO QUE NÃO MERECE NENHUMA CONSIDERAÇÃO.
    GRAÇAS A DEUS AINDA TEM MUITA GENTE DE BEM!!!

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  4. O que esse psicólogo descobriu em 8 anos que fingiu ser gari, qualquer ser humano c/ algum discernimento descobriria em alguns minutos sem ao menos cursar um segundo de psicologia. Não vi nenhuma vantagem em ficar tantos anos pra descobrir essa mixaria...Acredito que só faltou malícia p/ este jovem. logo se vê, que não é nas universidades que se aprendem o nosso BÁSICO do dia a dia. A psicologia pra esse cara foi só um mero detalhe que não lhe acrescentou NADA!!!Acho que é por isso que sempre ouço dizer que os psicólogos têm mania de loucos.rsrsrs

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  5. PSICÓLOGO, PSICANÁLISE, EU NÃO ENTENDO PRA QUE SERVE ISSO. O CARA DEITA NUM SOFÁ CONTA SUAS FRUSTAÇÕES SEUS MEDOS, SUAS ANGUSTIAS E PRONTO, PAGA SUA CONSULTA E VAI EMBORTA SEM NENHUMA SOLUÇÃO.
    ORAS, BOLAS PARA ME OUVIR MINHAS VISINHAS FOFOQUEIRAS ESTARIAM DE BOM TAMANHO. EU TINHA UM AMIGO BEBUM LÁ EM MAUÁ QUE DARIA UM EXELENTE PSICÓLOGO.

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  6. sr. mac, se esse bebum fosse da móoca, iríamos pensar que lá só tem gente boa!!!!!!!!!!

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  7. É NÃO!!!! É DE MAUÁ!!!

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