segunda-feira, 2 de abril de 2012

OS DESAFIOS DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

O amigo Anibal me mandou esta matéria, da Folha de São Paulo, por e-mail que eu considero muito pertinente, pois nos mostra uma relação que não pode ser considerada muito saudável, entre a indústria e os nossos governantes.

Maria Inês Dolci
Vigilância e saúde
 
O acordo do governo para limitar o sódio estabeleceu valores acima dos recomendados pela OMS 
 
No próximo sábado, dia 7, comemora-se o Dia Mundial da Saúde. Não há como discutir qualidade de vida, longevidade e o futuro do planeta sem pensar no tema.
Lidar com a saúde, manejando verbas públicas e orçamentos privados, é um desafio descomunal, em que as derrotas parecem mais próximas do que as vitórias. 
 
Melhoramos muito, nas últimas décadas, no combate à mortalidade infantil, uma mancha vergonhosa no Brasil -afinal, há muito tempo, o país está entre as dez maiores economias mundiais. 
 
Há um longo caminho pela frente, porém, antes que o Sistema Único de Saúde (SUS), serviço público vital para 150 milhões de brasileiros, tenha a qualidade esperada, principalmente na marcação de consultas, exames e cirurgias. Também há que melhorar os planos de saúde privados. 
 
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dividiu opiniões ao proibir a venda de cigarros com mentol e cravo para evitar o tabagismo precoce, pois essas substâncias tornam os cigarros mais atraentes para crianças e adolescentes. 
As críticas enveredaram pela liberdade de escolha. O consumidor, segundo tais argumentos, deveria decidir, em última análise, se fumaria ou não os cigarros com sabor. 
 
Observações semelhantes foram feitas quando a agência regulamentou a propaganda de alimentos com elevada quantidade de açúcares, gorduras e sódio (sal), além de bebidas com baixo teor nutricional. 
A associação que reúne a indústria de alimentos conseguiu cassar, judicialmente, a resolução, que até agora não foi liberada. 
Por outro lado, o acordo do governo federal com os fabricantes para limitar o teor de sódio em alimentos processados estabeleceu valores, em média, hoje já praticados e acima dos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 
 
Quando leio ou vejo a defesa intransigente dos fabricantes de alimentos e de tabaco, me lembro do filme "The Insider" (no Brasil, "O Informante"), com atuação inesquecível de Al Pacino. Nele, é contada a história de Jeffrey Wigand, que trabalhou muitos anos na indústria de cigarros e decidiu revelar os segredos dessas companhias para viciar as pessoas. 
 
Mesmo tendo quase 13 anos, o filme se mantém atual. Basta acompanhar as acusações de que a Anvisa foi intervencionista e ameaçou a geração de empregos da indústria do fumo. Houve até alusões à "ditadura do bem". 
 
Segundo a OMS, o uso do tabaco provoca 4,9 milhões de mortes por ano, o que corresponde a 10 mil óbitos por dia. Se as tendências de expansão do consumo forem mantidas, serão 10 milhões de mortes por ano em 2030. 
Sal, açúcar e gorduras serão avaliados, no futuro, como os cigarros hoje. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, 30 milhões têm pressão alta no Brasil. 
 
A hipertensão é responsável por 47% dos infartos agudos do miocárdio, 54% dos acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e 37% das insuficiências renais. 
 
O Brasil é o quinto país do mundo com mais diabéticos, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes. 
Em 2030, projeta-se que haverá 12,7 milhões de diabéticos no país. A doença pode causar moléstias oculares, renais, cardíacas, dificuldades de cicatrização e amputações. 
Gorduras saturadas (de origem animal) e trans (modificadas) fazem muito mal à saúde. Aumentam as taxas de colesterol ruim (LDL) e reduzem as do bom (HDL). 
 
Falta informação sobre o que comemos. 
 
Pães integrais, por exemplo, são vendidos com percentuais de até 11% de sódio. Um absurdo em um alimento adquirido por quem pretende se alimentar corretamente
 
Logo, a Anvisa não errou em tentar impor normas à propaganda de alimentos com gorduras, sódio e açúcares. Nem em retirar do mercado, até o segundo semestre de 2014, os cigarros com sabor. 
 
Quem errou foi o governo federal ao fazer um acordo para diminuição do teor de sódio dos alimentos que praticamente não terá efeitos práticos para a saúde dos brasileiros. 
 
MARIA INÊS DOLCI, 57, advogada formada pela USP com especialização em business, é especialista em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste Associação de Consumidores. Escreve às segundas-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.
mariainesdolci.folha.blog.uol.com

4 comentários:

  1. PITACO A IGREJA SEMPRE DÁ NA SAUDE, EU QUERO VER QUANDO ELA VAI ENFIAR A MÃO NO BOLSO E AJUDAR, OU PELO MENOS NÃO ATRAPALHAR QUERENDO PROIBIR O USO DA CAMISINHA, OU O ABORTO EM CASOS ESPECÍFICOS. QUANTAS PESSOAS ESTÃO COM AIDS OU COM GRAVIDEZ INDESEJADA POOR CAUSA DA ORIENTAÇÃO DA IGREJA? É ASSIM QUE QUEREM AJUDAR A SAUDE???

    ResponderExcluir
  2. Mac
    A Igreja proíbe o sexo sem compromisso e não o uso da camisinha, a sua Igreja permite o sexo livre? Desde que se esteja usando camisinha?
    E o aborto em casos específicos? O que seria isso?
    Eu apesar de católico sou favorável à descriminalização do aborto. Enquanto a Igreja pensa no assassinato do feto eu me preocupo com crianças geradas e educadas sem que tenham sido desejadas, e com mulheres que por um momento de descuido correm sérios riscos nas mãos de "açougueiros", se não o de morrer, pelo menos o de não poder mais gerar filhos desejados e com amor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. NÃO SEJA TENDENCIOSO, VOCÊ SABE MUITO BEM QUE NENHUMA IGREJA SÉRIA É ADEPTA DO SEXO LIVRE, NEM A SUA, OS CARAS PRATICAM POR PURA FALTA DE OBEDIENCIA AS ORIENTAÇÕES DA SUA RELIGIÃO. QUALQUER CRIANÇA SABE QUE O SEXO NAS IGREJAS SÓ É PERMITIDO MEDIANTE O CASAMENTO, E EM ALGUMAS SÓ PARA FINS REPRODUTIVOS.

      Excluir
  3. FALEI EM MEU NOME, NÃO EM NOME DA MINHA IGREJA,A GENTE PODE SER ADEPTO DE UMA IGREJA, MAS TER OPINIÃO PRÓPRIA, NÃO SENDO ESTA NECESSÁRIAMENTE A OPINIÃO DA IGREJA. OS CASOS ESPECÍFICOS DE QUE FALEI SÃO POR EXEMPLO:GRAVIDEZ EM CONSEQUENCIA DE UM ESTUPRO,GRAVIDEZ COM RISCO DE MORTE, OU ONDE É SABIDO QUE O FETO POSSA TER UMA DEFICIENCIA INREVERSÍVEL, E MAIS ALGUM CASO A SER PENSADO. NÃO SOU A FAVOR DO ABORTO DELIBERADAMENTE APENAS PORQUE HOUVE UM DESCUIDO, POR ESTÉTICA E OUTROS MOTIVOS FÚTEIS. RESPONDENDO A SUA PERGUNTA, AS IGREJAS EVANGÉLICAS NA SUA GRANDE MAIORIA NÃO SÃO FAVORÁVEIS AO SEXO LIVRE, MAS NINGUEM É INOCENTE DE NÃO SABER QUE TEM AQUELES QUE DÃO SUAS ESCAPADAS. NESSES CASOS EU MC, ACONSELHARIA O USO DO PRESERVATIVO. O ARREPENDIMENTO EO PERDÃO PODERÁ ACONTECER, MAS SE NÃO SE PREVINIREM PODE CONTRAIR UMA DOENÇA, OU VIR UM FILHO NÃO DESEJADO, AÍ NÃO TEM ARREPENDIMENTO QUE DÊ JEITO.

    ResponderExcluir