quinta-feira, 4 de junho de 2015

AJUSTE FISCAL/PREVIDÊNCIA - LEITURA OBRIGATÓRIA PARA QUEM QUER ENTENDER


O amigo Aníbal me mandou um artigo do ex-ministro Delfin Neto. Apesar de ter sido expoente na época do Governo Militar, ou até por isso mesmo, o seu conhecimento e sua opinião não pode ser desprezada por questões ideológicas, e mostra muito claramente as consequências de uma gestão econômica que privilegiou a reeleição a qualquer custo, só que, como vemos, o custo vai ser pago por todos nós, em curto, médio e longo prazos...




DELFIM NETTO
Aritmética
03/06/2015  02h00

O grande problema da sociedade brasileira é a sua indisposição com as restrições impostas pelo mundo físico em que vive.

Não aceita que seja impossível violar as identidades da contabilidade nacional e que todas as tentativas de fazê-lo sempre terminarão numa dramática combinação: 1º) redução do crescimento econômico; 2º) dificuldade de prosseguir na necessária política de igualdade de oportunidades; 3º) aceleração da taxa de inflação e 4º) deficits exagerados do balanço em conta corrente. Tudo temperado por um bom desequilíbrio fiscal!

As consequências sempre chegam depois. Mais cedo ou mais tarde, uma correção será imposta por motivos internos (quando a visibilidade do desastre for incontornável) ou externos (quando a perda de confiança dos credores estancar o financiamento).
O grave é que ela começa com o pagamento do seu custo mais trágico: o aumento do desemprego do cidadão que confiou no poder incumbente e ganhava honestamente o seu sustento e o da sua família. O sofrimento é grande, mas não é terminal: o Brasil já passou por isso dezenas de vezes e está aqui, caminhando para ser a oitava economia do mundo em paridade do poder de compra. Vamos fazê-lo de novo.

Por outro lado, um grande número de nossos intelectuais recusa as lições de história. ( diria mais, a  maior parte dos cidadãos com escolaridade e que leram livros de história, quanto aos outros...
Insiste na afirmação de que conhece um caminho alternativo para sair da crise "sem lágrimas". (  por ex. Marco Aurélio Garcia, Pres. Dilma, Jânio de Freitas, o  Lupi, Heloisa Helena, ah a  Luciana Genro, Ivan Valente, chefões da CUT, o Guilherme Boulos,  Premiê grego Alexis Tsipras   e  o ministro das finanças  o mágico  Yanis Varoufakis     e uma  lista infindável de” milagreiros” )
Acredito que eles não suspeitam, sequer, os problemas de coordenação de uma sociedade complexa, a despeito da tragédia em que terminou o generoso projeto inicial da construção do socialismo na URSS e de seus satélites.
Infelizmente, o socialismo "real" é muito inferior ao capitalismo "real" ao qual, aliás, não faltam defeitos...
Não há melhor prova do superficial entendimento da maioria dos deputados com relação ao "ajuste fiscal" (que é um instrumento, não um fim) do que o contrabando da emenda que restringiu o uso do "fator previdenciário". Ele revela a demagógica solidariedade eleitoral que despreza a aritmética elementar e que, no final do dia, acabará prejudicando àqueles a quem enganou enquanto fingia proteger.

É evidente que a Previdência Social é um fundo de solidariedade absolutamente necessário para dar alguma tranquilidade aos trabalhadores na sua velhice, com transferência de renda que mitigam as necessidades dos menos favorecidos. Mas é evidente, também, que o equilíbrio atuarial entre o seu valor presente tem que ser igual ao valor presente das aposentadorias futuras
E só há duas soluções para o desequilíbrio: 1ª) fixar uma idade mínima da aposentadoria ligada à expectativa de vida ou 2ª) aumentar a taxa de contribuição do trabalhador... 

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