O papel da Polícia Militar
Ives Gandra Martins
Tem
crescido a criminalidade em São Paulo. Mês após mês as estatísticas estão
piores. Por outro lado, os denominados grupos sociais estão cada vez mais
voltados à desfiguração das instituições e ao esfrangalhamento da ordem
jurídica.
O líder
de um deles, que orienta as invasões de prédios e terrenos, declara
publicamente que o movimento vai muito além das invasões ilegais, e objetiva
instituir no País um regime marxista, no estilo apregoado pelo pensador alemão,
o qual, segundo Galbraith, era um intelectual admirado - desde que não
estivesse morando no país que o elogiava.
O
movimento quer eliminar as elites, os empresários e os ricos, substituindo-os
pelos "saqueadores", na feliz expressão da escritora Ayn Rand no
livro A revolta de Atlas, pois, na visão deles, é bom que os que souberam
construir a nação sejam despojados daquilo que têm em prol daqueles que não
sabem construir. O pior é que os que defendem que ricos e pobres devem se unir
para fazer a nação mais rica, e os pobres, ricos, são considerados elites.
Pretendem, pois, em vez de fazer os pobres, ricos, fazer os ricos, pobres.
Por isso
a nação vai muito mal, e ao lado da Argentina, Cuba e Venezuela, ostenta as
piores performances econômicas do continente.
Para
impor a ordem e permitir que os que desejarem modificações, que as promovam
através de seus representantes nos Legislativos e não por meio da violência, as
polícias militares são fundamentais - e São Paulo tem uma polícia militar de
nível e de valor.
Ocorre
todavia, entre nós, fenômeno que impressiona. Exatamente aqueles que deveriam
apoiar a ação de policiais militares em defesa da ordem, da sociedade e da paz
social, pois dela se beneficiam, são os que a combatem (mídia e sociedade), se colocando
ao lado dos criminosos e dos agitadores, como se os direitos humanos devessem
estar mais voltados à defesa dos meliantes do que da sociedade.
Raramente
os jornais publicam o número de mortos entre os policiais. Só em São Paulo
foram mortos, este ano, 73 policiais em choque com os criminosos. Defende-se,
todavia, que devem ser respeitados os direitos dos desordeiros, que não
respeitam a vida, o patrimônio público e privado e muito menos o direito de ir
e vir dos cidadãos.
Nos
países civilizados, em que há ordem, as passeatas e manifestações são
autorizadas. Mas em alguns deles, os que promovem tais movimentos são obrigados
a limpar o local depois. E os criminosos são perseguidos e presos, em nome da
ordem.
No
Brasil, os próprios policiais militares têm, atualmente, receio de defender os
cidadãos e o patrimônio público e privado, pois, quando o fazem, se algum
cidadão, num celular, fotografar sua ação de defesa, em que um criminoso ou
arruaceiro é afastado, às vezes, com aplicação da violência necessária, este
militar sofrerá inquérito e terá que defender-se das acusações às suas
expensas.
Creio que
há necessidade de as funções dos que defendem a sociedade serem valorizadas, o
que fez o Conselho Superior de Direito da Fecomercio, que presido, em reunião
na qual, após exposição acentuando o trabalho que vem sendo realizado pelas
Polícias Militares, apesar das críticas, manifestou-se, elogiosamente, a
respeito de sua atuação.
É
necessário que os direitos humanos de toda a sociedade, o que cabe à Polícia Militar
defender, não sejam pisoteados por aqueles que, dizendo- se defensores deles,
apoiam sistematicamente os que dilaceram as instituições.
Ives
Gandra Martins é presidente do Conselho Superior de Direito da FecomercioSP.
Artigo publicado no jornal Diário do Comércio em 20/10/2014, página 02.
Artigo publicado no jornal Diário do Comércio em 20/10/2014, página 02.
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